Casos de consultório: Como vencer o medo de perder, as inseguranças e acreditar no amor!

Casos de consultório: Como vencer o medo de perder, as inseguranças e acreditar no amor!

O que fazer quando tem muito ciúmes no relacionamento? Por que o medo de perder o grande amor? E por que tantos medos e inseguranças que se apresentam também em outros setores da vida?

No caso de hoje, quero falar com você sobre como é possível se sentir mais confiante diante dos desafios da vida, resgatar o amor próprio e então ter mais equilíbrio nos relacionamentos, principalmente no relacionamento amoroso.

Como funciona a primeira consulta (dentro do consultório)?

Quando o consultante chegava no atendimento, sempre o recebia com um abraço, oferecia café ou chá, perguntava se precisava alguma coisa e logo o conduzia para o consultório.

Depois de sentar frente a frente, começava falando brevemente de mim e do trabalho que íamos fazer, depois perguntava os dados pessoais e de que forma ele tinha conhecido o meu trabalho.

Em seguida eu queria saber o que fez com que esta pessoa viesse até mim. E quais as dificuldades e as dores que ela estava enfrentando naquele momento.

Além disso, eu perguntava também sobre fatos marcantes da sua infância, adolescência, como era a relação com os pais, quais situações cíclicas aconteciam com ela e assim eu ia conduzindo no intuito de entender melhor o motivo de ela estar na situação que estava.

Sobre esta história de hoje, a consultante contou que o maior desafio dela era com relação ao ciúme que sentia do marido.
Mesmo eles se dando bem e tendo consciência de que isso não era bom para o casal, era algo incontrolável. Pois constantemente tinha medo de perdê-lo.

Naquele momento estava cuidando da empresa do marido, pois ele ficava fora durante a semana, trabalhando em outro emprego. Por isso era ela quem administrava a empresa deles.

Falou também que desde criança se sentia inferior, insegura, incapaz e tinha muitos medos. Além disso tinha dificuldade de concentração, se autocobrava muito e era perfeccionista.

Era a filha mais nova da família. Achava que a mãe não queria mais ter filhos quando ela nasceu e percebia uma “certa rejeição” da mãe. Disse que nunca teve colo ou recebeu apoio dela. Por isso criou muita afinidade com a irmã mais velha, pois ela é quem lhe aconselhava.

A mãe era depressiva e muito negativa. Já o pai era mais humilde e submisso, pois em casa era a mãe que comandava. Lembra que os pais não eram afetuosos e que não ganhavam carinho.

Não lembra muito da infância. Sobre a adolescência, o ponto alto era o relacionamento, pois já estava casada há mais de trinta anos. Um fato marcante também foi a perda de um filho. Perdeu o primeiro filho por erro médico.

Análise do caso

Bem, baseado em tantos estudos que já fiz, sempre entendi que um dos pontos fundamentais na hora de começar a ajudar o cliente, está na maneira como ele se relaciona com a sua origem, ou seja, com o pai e a mãe.

Neste caso, quando analisamos o contexto de forma mais abrangente, dá para entender que a principal dor era a insegurança e o medo de perder. Pois o ciúme - sua principal queixa no momento - era apenas um reflexo disso.

Indo mais além em toda esta reflexão, fui entendendo que havia um processo de exclusão muito forte, principalmente com relação aos pais. Embora ela me dissesse que já tinha trabalhado essa questão, senti que tinha algo a mais para ser resgatado.

Na época em que atendi essa cliente, ela veio em busca de regressão terapêutica. E na regressão dela, aprendemos algumas lições que quero compartilhar com você. Também vou falar de alguns conceitos e dicas que usaria atualmente e que estão relacionadas a este caso.

Como terapeuta, sempre entendi o relacionamento amoroso como a maneira pela qual estamos nos relacionando intimamente com nós mesmos. A forma “como eu me trato” mostra muito como me relaciono de forma equilibrada e até desequilibrada nos relacionamentos amorosos.

E se formos mais a fundo nesta reflexão, podemos perceber que o que há de mais íntimo para resgatar em nós, está relacionado a quem nos deu a vida, ou seja, os nossos pais.

Afinal, quando você está em harmonia com os seus pais, é que consegue ficar em harmonia com a vida. E isso faz com que você seja feliz com você mesmo e mais feliz ainda quando compartilha a vida com outra pessoa.

Pense: como que alguém vai gostar de você, se você mesmo não gosta da sua companhia?

E na maioria das vezes, a falta de amor próprio é um reflexo de não olharmos para os pais de forma inteira e não concordar com a atitude deles, entendendo que os nossos pais fizeram o que podiam. E por amor, agiram da forma que julgaram ser o melhor para nós.

Portanto, quando você busca em outras pessoas aquilo que só os seus pais podem lhe dar, isso gera alguma desordem na vida. Pois inconscientemente você exclui eles da sua vida.

“Tudo aquilo que eu excluo, eu me torno”. Ao entender isso, podemos compreender o motivo de muitas vezes ficarmos repetindo os mesmos padrões, e vivendo novamente aquelas dores que queremos evitar.

Agora você entende o ciúme incontrolável que esta cliente tinha? O que ela sentia com relação ao marido era um reflexo do quanto ela buscava o amor dos pais, principalmente da mãe. Algo que já vou mostrar como pode ser resgatado na prática.

Quero repetir algo muito importante: diante desse olhar, por favor, entenda que quando falo sobre a busca pelo amor dos pais não estou dizendo que eles foram culpados de algo. Estou dizendo que você precisa concordar com o que aconteceu, para então fazer esse resgate e receber o amor deles, ok.

Agora eu darei algumas dicas baseado no que fiz ou faria com esta cliente. Lembrando que cada caso é um caso e eu sempre digo que o terapeuta precisa personalizar o seu atendimento, orientando e ajudando de forma exclusiva, olhando para a necessidade que a pessoa tem naquele momento.

Dicas de consultório

Vamos a algumas lições que foram trabalhadas, mais algumas práticas que ajudaram ela. Também vou compartilhar uma mentalização para complementar as dicas para este caso em específico.

A lição maior que veio durante todo o processo que trabalhamos em consultório era desta consultante assumir quem nasceu para ser, os seus sonhos, seus desejos e claro: o resgate com a mãe para resgatar o amor próprio e ter força para realizar esses sonhos e desejos. Pois a sua vida “girava” em torno dos desejos do marido. Ela fazia tudo para agradar ele por causa do medo de perdê-lo.

Em todos os casos e em especial neste, é essencial indicar que a pessoa faça um exercício diário de se conectar com os pais, imaginando e sentindo que a mãe fica do lado esquerdo, o pai do lado direito e permitir receber deles todo o seu amor, sem julgamento ou reivindicações.

E para trabalhar isso na prática, você pode fazer a seguinte meditação ou conduzir algo assim para ajudar nesse tipo de caso.

“Feche os seus os olhos e se conecte com você, com o seu corpo. Inspire e expire profundamente e sinta esse momento, sinta você.

Agora mentalize a sua mãe. Independente de você a conhecer ou não. Se tem um relacionamento bom ou não com ela, nesse momento apenas entre em sintonia com a força de quem lhe deu a vida.

Olhe para a sua mãe e receba todo o amor que ela lhe deu. Sem julgar nada, acolha no seu coração e concorde com tudo que veio antes. Pois certamente ela fez o que fez para lhe proteger e por amor a você.

E sinta como se você estivesse no seu ventre, um só corpo, a mesma circulação, a mesma respiração. Os sentimentos dela, também eram os seus. A sua dor era a sua dor, os seus medos também eram os seus. Sinta profundamente esta conexão!

Sinta o amor e o esforço dela que lhe carregou durante 9 meses em seu ventre, mais o momento do parto. O momento em que ela lhe trouxe a vida e lhe deu o maior presente.

Perceba também o momento em que você se separou do seu corpo, do corpo da sua mãe. E logo está nos seus braços sendo alimentado.

Nesse instante existia uma felicidade natural. E com essas lembranças você vê o quanto perdeu em não continuar o seu caminho ao lado dela.

Mesmo que tardio, diga a ela o quanto você concorda e agradeça por tudo que vocês passaram! Diga mentalmente: muito obrigada mãe por ser quem você é! Eu amo você!

Sinta a força desse momento e o que representou esse olhar para a mãe!

Afinal, a vida chega até nós através da mãe. E assim como tomamos a mãe, tomamos a vida. Por isso a relação com a mãe é o primeiro lugar em que a vida dá certo".

Converse com o seu cliente e veja como ele está se sentindo. Lembrando que em casos como esse, esta pessoa precisa fazer um exercício diário de se conectar com a mãe. Portanto, indique que ela repita essa mentalização mais vezes, ou indique algo que ajude nesse processo.

Depois, você pode aplicar alguma técnica de energização ou fazer alguma prática que esteja conectada com o momento. Sempre indico que você busque ideias e práticas que já mudaram a sua vida, pois elas certamente ajudarão.

Caso sinta que só a mentalização já ajudou e liberou muita coisa, pode finalizar o atendimento.

Neste caso, o cliente pode até chorar, se emocionar. E isso é positivo, pois a ideia é que se sinta amparada e amada para então conseguir resgatar o amor por si e ter mais equilíbrio no seu relacionamento.

Lembrando que estas dicas seriam trabalhadas apenas na primeira consulta. O ideal é que seja dado continuidade para que você veja os movimentos que serão feitos pelo seu cliente. E aí poder ajudar ele nos próximos passos.

Referência do livro A própria felicidade: fundamentos para a Constelação Familiar de Sophie Hellinger.

Para descontrair um pouco e finalizar o artigo de hoje, quero deixar aqui um vídeo que fiz com o meu marido. Fizemos esse vídeo em comemoração ao Dia dos Namorados. No final tem dicas e uma mensagem bem bacana também. Espero que goste!

Assista a live aprofundando este texto: